She will be loved
PARTE 1
Mariana
Não tinha passado de um, embora tudo me parecesse real: o
seu cabelo, os seus olhos, os seus lábios, o seu toque, os beijos… Mas não, não
passava de um sonho para me iludir e salientar o vazio que sentia dentro de
mim. Estamos a mais de meio do Verão e eu ainda não pus o pé fora de casa, não
tenho vontade de sair, só tenho vontade de dormir para poder sonhar, para poder
estar com ele de novo.
Knock Knock Knock
- Sim? – Perguntei eu limpando as lágrimas que ameaçavam
escorrer – me pelos olhos.
- Bom dia mana!
O meu irmão… Todos os dias me batia à porta de manhã com um
sorriso e normalmente com o pequeno-almoço…Era talvez o ser mais fantástico que
eu conhecia e apesar de ser dois anos mais novo que eu, é aquele que tem os
melhores concelhos na ponta da língua para as alturas mais difíceis. Era o meu
melhor amigo, aquele em eu depositava toda a minha confiança.
- Bom dia – disse eu esboçando um sorriso tímido.
- Trouxe – te o pequeno almoço… - disse ele entregando – me
a taça
O seu olhar varreu rapidamente o meu quarto e paralisou num
canto:
- Partiste aquele ontem? – perguntou ele apontando para os
cacos de uma moldura.
Aquela moldura… O Jos, tinha – me oferecido aquela moldura
com fotos nossas quando fizemos 2 anos, guardei – a sempre religiosamente mas
depois do que ele me fez tenho vindo a destruir tudo o que faça lembrar dele, e
ontem chegou a vez da moldura…
- Oh Niall… Eu simples…
As lágrimas interromperam – me a frase e desatei a chorar…
Senti os braços do Niall a envolverem o meu corpo enquanto as suas mãos
afagavam o meu cabelo. Afastamo – nos, pegou na minha cara, limpou as minhas
lágrimas e murmurou :
- Não faz mal, também nunca gostei muito daquela moldura…
Tinha uma cor estranha…
Beijou – me a testa. Soltei uma gargalhada tímida e encostei
– me na minha almofada enquanto devorava os cereais.
- Hoje está calor… Acho que vou à praia – informou – me.
Sabia perfeitamente que esta se tratava de mais uma das
inúmeras tentativas de me fazer sair de casa, por isso respondi friamente:
- Que bom para ti.
- Para quê essa reação?
- perguntou ele surpreso com a minha rigidez.
- Porque não tenho vontade nenhuma de sair de casa Niall, já
falei contigo sobre isso!- ataquei eu.
- Tu hoje vens comigo à praia Mariana, e está mais que
decidido.
Levantou – se, remexeu nas minhas gavetas e tirou um bikini
completamente ao calhas, mas que por acaso até fazia um conjunto engraçado.
Sorri.
- Daqui a 10 minutos saímos – disse ele saindo do quarto.
Acabei de comer os cereais crocantes que ele me tinha
trazido e vesti um bikini cai – cai branco com uma parte de baixo vermelha,
vesti uma t – shirt e uns calções de ganga. Calçei os meus chinelos, arrumei o
essencial na minha mala de praia e caminhei para a porta. Antes de a abrir
contemplei de novo o meu quarto: as paredes melancólicas que me aprisionaram a
memórias durante meses, o meu mobiliário antigo que precisava de ser
remodelado, a minha cama onde se tinha dado um dos momentos mais especiais da
minha vida… Enfim, decidi que mal saísse daquela porta começava a mudança,
nunca mais me iria sentir presa ao passado.
‘’ Vou viver um dia de cada vez ‘’ – convencia – me eu.
Saí do quarto, fui chamar o Niall e saímos. A minha mãe já
devia estar a trabalhar por isso não estava em casa, mas como chegava cedo,
resolvemos deixar um recado para ela não ficar preocupada.
A viagem não foi demorada, 10 minutos por aí. Apesar de em
tempos aquela paisagem me ser tão familiar como a minha família, daquela vez
decidi contempla – la como se fosse a primeira vez que a olhava: nas varandas
das casas, adolescentes falavam ao telefone, os pais descasavam numa rede
enquanto as mães arranjavam as unhas, nas ruas as bicicletas passavam, os
skates rolavam mesmo ao lado da nossa carrinha, e as flores ondulavam ao sabor
da brisa… Era – me tudo tão familiar mas tão desconhecido ao mesmo tempo…
- Mariana? Estás tão caladinha, estás bem? – perguntou o
Niall preocupado.
-Está meu amor, estava só a ver – descansei – o.
Abri a janela para
apanhar ar e para refrescar as ideias. Cheirava a maresia, a praia e ouviam –
se as ondas a bater nas rochas. Estacionámos mesmo virados para a praia, o sol
ofuscava – me talvez seja por isso que os meus olhos lacrimejavam incessantemente:
- Tinha saudades disto – admiti
- Eu também teria – respondeu – me o meu irmão.
Pegamos nas nossas coisas e pusemos – nos a caminho do
areal. Voltar a sentir a areia nos pés era reconfortante, o mar estava repleto
de surfistas.
‘’ Hoje estão uns tubos perfeitos ‘‘ – pensei eu.
Bzz Bzz
Senti o telemóvel vibrar nos bolsos, era a Gillian:
‘’ Já cá estamos, onde
andam? ‘’ – não respondi.
- Era a Gill?- perguntou o Niall curioso.
- Era, já cá estão – respondi.
Avistamos um aglomerado de jovens e dirigimo – nos para lá.
Uma figura esguia de cabelo loiro levantou – se e acenou: era a Gillian.
Gritava por mim, e acenava freneticamente para nós. Sorri e continuei a
caminhar em direção a ela.
Abraçamo – nos durante imenso tempo. Continuava igual desde
a ultima vez que a tinha visto, com a diferença de estar mais, muito mais
morena, e tinha um anel personalizado lindo de morrer:
- Essas férias nas Caraíbas devem ter sido pouco boas devem
– gozei eu.
- Oh amor, quem pode pode – disse ela rindo – se.
Cumprimentei o resto do pessoal que lá estava e deparei – me
com uma cara familiar, era um rapaz alto, moreno de cabelo preto, esguio,
piercing no lábio e super definido. Apesar disso o que me chamou mais a atenção
foi a prancha e o fato que ele estava a despir:
- Olá – disse eu timidamente – Estão uns tubos perfeitos
hoje.
- Olá – disse ele
Estava de costas para mim, porem quando o se virou para mim,
nem queria acreditar no que estava a ver:
- Luke?!
- Mariana?!
Dissemos em uníssono. Era o Luke, o rapaz com eu namorara
quando tinha 14 anos, namoramos durante um ano por ai, mas depois o Josh entrou
na minha vida e acabei com ele. Surgiram borboletas na minha barriga
subitamente:
- Estás tão diferente! – disse eu
- Tu também, mas para melhor.
Não consegui não corar, estava a ficar com dores de barriga
da ansiedade com que estava:
- Fazes surf agora? – perguntei eu curiosa.
- Pegaste – me o bichinho quando namorávamos.
BAM, enlouqueci, estava a dar em doida e corei o dobro:
- Bem, ahm… Vou apanhar sol, até já.
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